Atacarejos – Os novos hipermercados
O crescente e próspero segmento de atacarejos dentro do varejo alimentar é uma reedição dos antigos e tradicionais hipermercados. Isso acontece porque os movimentos históricos tendem a se repetir, mesmo não sendo exatamente iguais e trazendo algum progresso. Isso ocorre porque quem determina o formato de loja é o shopper, e precisamos entender que esse fundamento não muda.
O varejo alimentar será sempre sobredeterminado pelo shopper. Ao longo da história dos supermercados no mundo, é comum ver que as redes de supermercados, por mais poderosas que sejam, periodicamente fazem alterações nos formatos de loja, mas sempre dentro dos limites impostos pelo shopper, que exige a observação de princípios imutáveis como a competitividade, a atualização dos serviços, a localização, a variedade de mix, a área de vendas e a segurança.
Diante dessa constatação, posso afirmar que é impossível existir um formato que capture, em um só modelo, esses princípios imutáveis do shopper. Isso ocorre por uma razão simples: esses princípios, se aplicados de modo genérico, tornam-se incoerentes e conflitantes. Consideramos que o shopper não pode ser visto de forma genérica, pois seus hábitos e poder de compra são amplos em desejos e variados em necessidades. Na prática esse cenário é ainda mais complexo quando consideramos as dimensões continentais do nosso país.
Ao eliminar grandes áreas de vendas que eram ocupadas com produtos da linha têxtil, utilidades domésticas, eletrodomésticos, eletrônicos, livraria e mesa posta, os atacarejos reeditaram e aperfeiçoaram um modelo que já foi utilizado nos hipermercados. Os atacarejos obtiveram resultados objetivos e rápidos apenas com a redução nas categorias que ocupavam, em média, 50% dos espaços nos hipermercados. Entre os resultados estão: maior velocidade no giro do estoque, menor custo e complexidade na gestão das categorias, menores riscos de perdas e avarias, maior foco e eficiência na relação com o cliente e crescimento elevado na participação da cadeia de distribuição para pequenos comerciantes. Os atacarejos estão atentos a satisfação do cliente e uma tendência que deve crescer é o investimento nas seções de padaria, açougue e fatiados com aumento real de até 5% no faturamento, algo muito significativo para a representatividade desse formato de loja.
E os outros formatos de loja? Esse é assunto para outro artigo, mas já posso adiantar que os demais formatos de loja têm a mesma necessidade de adaptação dos atacarejos: realizar mudanças na estrutura das lojas, redefinir cadeias de abastecimento internas e assumir o protagonismo no serviço ao cliente.