“O grande segredo da minha vitalidade é o trabalho”, assim se definia José Carlos da Silva Júnior
José Carlos da Silva Júnior começou sua vida profissional trabalhando com seu pai, José Carlos da Silva, em uma pequena torrefação de café que daria início ao legado da São Braz. Ele foi o único dos filhos que acompanhou os investimentos do pai e foi considerado o grande responsável pelo sucesso da marca.
Um homem à frente do seu tempo, sempre dedicado ao trabalho, à família e, mais que tudo, à inovação. “O grande segredo da minha vitalidade é o trabalho”. A frase, dita por José Carlos da Silva Júnior em uma das entrevistas concedidas ao longo de sua vida, resume bem a vida do empresário.
Graças a seu traquejo para os negócios, transformou a São Braz de uma simples ideia a uma indústria que atualmente conta com mais de 200 itens alimentícios produzidos em 12 linhas industriais. Com seu pai, que fazia viagens à região de Picuí nos períodos de inverno, quando sofria de asma e precisava ir para um lugar de clima mais ameno, acabaram por entrever no café um bom negócio. E aí, então, foi o início de tudo.
José Carlos da Silva Júnior deixou um legado que vai bem além da indústria de sucesso que é hoje a São Braz. Seu tino empresarial é, sem dúvida, a grande herança que passou para seus filhos e toda sociedade paraibana.
A princípio, os produtos já tinham marca própria: primeiro, o Café Especial e, depois, o primeiro produto de milho, o Fubá Águia de Ouro. Em 1938, foi comprada a marca de um concorrente, o Café São Braz, e, a partir daí, começou a distribuir o café e o fubá na cidade de Campina Grande.
Apenas no dia 31 de julho de 1951, no entanto, foi dado início formalmente ao que hoje é conhecida como a São Braz. A empresa fundada foi a firma José Carlos & Filho, dedicada à torrefação e moagem de café, milho e seus derivados, em grosso e a varejo, entrando a indústria em uma nova fase.
Com a aquisição de um torrefador de café Tupan, já se podia ver a vocação do empresário para se antecipar à tecnologia e colher no futuro os frutos da grande empresa que começava a se desenhar.
Crescimento do Grupo São Braz
Hoje, a São Braz está presente em todos os estados do Nordeste e também no interior de São Paulo. E é considerada uma das principais indústrias de alimentos da região Nordeste do Brasil. A São Braz está entre as seis maiores torrefações de café do País. Desde sua fundação, em 1951, a empresa vem constantemente investindo em novos produtos e tecnologias para levar qualidade à mesa do consumidor brasileiro.
o Grupo São Braz também controla uma rede de concessionárias de veículos formada pela Autobraz (Natal), Brazmotors (Campina Grande), Autovia (João Pessoa) e a Araguaia Motors (Palmas) . Silva também era dono do Jornal da Paraíba, um matutino de circulação diária no estado da Paraíba fundado em 5 de setembro de 1971 e que hoje atua apenas em formato digital liderando a Rede Paraíba de Comunicação.
A marca conta com mais de 200 itens alimentícios produzidos em 12 linhas industriais, centralizado em Cabedelo, na Paraíba, atualmente uma das mais modernas unidades fabris da América Latina, em que trabalham mais de mil funcionários. A empresa possui ainda uma unidade industrial na cidade de Itatiba, em São Paulo, onde fabrica insumos para diversas outras indústrias de alimentos.
Além do café, uma mania nacional, a São Braz pilota um mix de outros produtos como barras de cereais, biscoitos Tufs, canjiquinha, cereais matinais (Gold Flakes e Top Crock), farinha de milho (Novomilho), filtros de papel, milho para pipoca, misturas para bolo, rosquinhas, temperos, coloríficos, salgadinhos (Pippo’s), sinônimo da categoria na região, e batatas fritas.
João Carlos Paes Mendonça
Quando o presidente do Grupo São Braz partiu, o presidente do Grupo JCPM, João Carlos Paes Mendonça, lamentou e assim declarou sobre o passamento do empresário José Carlos: “O Nordeste perde mais um empresário que fez história consolidando o nome de uma marca graças à sua perseverança, trabalho e dedicação. Conheci José Carlos na época do Bompreço, num relacionamento que se iniciou como fornecedor e se tornou uma amizade muito verdadeira. Lembro do seu grande apoio na abertura das nossas lojas do Bompreço em João Pessoa e em Campina Grande. Sempre um ajudando ao outro. Realmente lamento sua partida”.
Vice-governador e senador da República pelo Estado da Paraíba
Como político, foi senador pelo PDS (1996 a 1999) e ex-vice-governador da Paraíba (de 1983 a 1986). Já como empresário, foi diretor-presidente do Grupo São Braz e da Rede Paraíba de Comunicação, além de possuir investimentos no setor de revenda de automóveis. Sua carreira inclui o posto de direção na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba; da Associação Comercial de Campina Grande e também presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café, mais conhecida pela sigla Abic.
Assumiu a vaga de senador nos anos de 1996, 1997 e 1999, após licenças de Ronaldo Cunha Lima, de quem era suplente. Em seus discursos, sempre defendeu melhorias à conjuntura econômica nordestina e brasileira, com destaque para sua atuação como membro da Comissão Especial que estudou as causas da pobreza no país, em outubro de 1999.
Além da atividade política, José Carlos da Silva Júnior também participou ativamente de importantes entidades do setor industrial. Foi presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), do Sindicato do Milho, Torrefação de Café e Refinação do Sal do Estado da Paraíba; vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep); diretor da Bolsa de Mercadorias da Paraíba, além de ter integrado os conselhos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Comercial de Campina Grande.
A dedicação ao trabalho e ao desenvolvimento econômico regional e nacional fez com que, ao longo de sua vida, José Carlos da Silva Júnior fosse homenageado com aproximadamente 20 medalhas e prêmios como o diploma José Ermírio de Moraes. As honrarias vieram de entidades industriais, comerciais e culturais da Paraíba e de outras partes do Brasil.