Ângelo Almeida: SDE assume protagonismo do desenvolvimento econômico da Bahia
Em entrevista exclusiva à Super Revista e ao programa Fala Benneh (Band), o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Ângelo Almeida, falou sobre as diretrizes da SDE e os projetos desenvolvidos e em implantação pelo governo estadual. De acordo com ele, a atração desses empreendimentos e investimentos bilionários promove o desenvolvimento sócio-econômico, geração de emprego e renda para milhares de baianos, além de distribuir inúmeros benefícios nas áreas de mineração, infraestrutura, industrial, comercial, energia sustentável, construção civil e automotiva, entre outros. Ângelo atribuiu o grande interesse de empresas em se instalarem na Bahia às ações significativas promovidas pelo governador Jerônimo Rodrigues e, sobretudo, à qualidade da mão de obra local, considerada de excelência, por diversos interlocutores.
Cirurgião-dentista de profissão e político por opção, Ângelo Mário de Cerqueira Almeida, atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, tem uma carreira meteórica na política baiana, desde que se elegeu vereador em Feira de Santana, sua terra natal. Eleito deputado estadual duas vezes pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), licenciado desde janeiro de 2023 quando assumiu a SDE, Ângelo é casado com Dona Maria de Fátima, com quem tem três filhos: Carlos Eduardo, Ângelo Mário Filho e Ana Luiza. Atualmente, é dirigente do PSB da Bahia e membro do diretório nacional do partido. Na Secretaria, tem desenvolvido uma gestão voltada para o desenvolvimento e empoderamento da Bahia, atraindo empreendimentos e investimentos de peso para o estado.
Benneh Amorin – Secretário, a SDE tem por finalidade formular e executar a política de desenvolvimento econômico do Estado. Quais são as linhas mestras que norteiam a atuação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia?
Ângelo Almeida – Inicialmente buscar construir uma equipe para colocar o estado em um patamar competitivo na atração de investidores, de novos investimentos para geração de emprego, distribuição de renda no estado da Bahia. Estamos entrando no terceiro ano agora, mas eu diria que o fruto que nós estamos colhendo de dois anos de trabalho me torna convencido de que estamos adotando as estratégias corretas para cumprir essas tarefas, de suprir esses desafios. Empresas importantes chegando à Bahia, trazendo investimento, celebrando a redução do desemprego na Bahia. Estamos próximos a atingir o emprego pleno e isso é importante. A interiorização desse desenvolvimento ocorrendo sobretudo com o forte avanço da política de sustentabilidade, das energias renováveis, a eólica, solar. Recentemente, a empresa que ganhou o leilão de 2023 já tratando do protocolo de intenção assinado conosco para investimento da ordem de 3 bilhões e 600 milhões de reais, geração de 6.000 empregos diretos e benefícios a 20 empregos, três novas subestações interligando e conectando o norte, o Vale de São Francisco a partir de Juazeiro até chegar em Correntina no extremo oeste da Bahia. Então este vazio elétrico que estava existindo já vai ser atendido com geração de emprego a partir dessa obra que é mais uma conquista da Bahia a partir do retorno da retomada do terceiro governo do presidente Lula. Contemplar a indústria da construção civil que está voltando a ser pujante na Bahia. Grandes obras estão sendo apresentadas, está em curso uma obra de 85.000 metros quadrados, com Mercado Livre aqui em Simões Filho, ali no Litoral Norte investimentos robustos no setor de turismo e também de condomínios de alto luxo. Eu acredito que a Bahia vem sim, sob a batuta do governador Jerônimo nos dando essa alegria de estar aqui fazendo parte dessa história.
BA – Secretário, então isso vem bem ao encontro do que o senhor disse lá no seu discurso de posse, que seu compromisso era proporcionar um ambiente saudável, que desse segurança para os empreendedores que quisessem investir na Bahia. O senhor já fez uma pequena avaliação desses dois anos, desde quando tomou posse, não é mesmo?
AA – É sim. O que eu disse eu vou tentar repetir. Foi construir o melhor ecossistema possível na relação de governo com o setor produtivo, a relação com a FIEB, com a Fecomércio, com a Federação da Agricultura. As relações que temos construído também, pontes importantes com o agronegócio no Oeste, no Norte do estado e também no Extremo do Sul. Os setores que têm alto nível de empregabilidade, o setor calçadista também apresentando e retomando esse desenvolvimento. Nós estamos com investimentos entre o final de 2024 e início de 2025 de três grandes empresas de padrões multinacionais que estão anunciando novas plantas na Bahia. E o que me chama atenção é o que os une e a justificativa dos seus diretores para que essas empresas estejam na Bahia e não em outro local: a eficiência da mão de obra baiana. Isso nos dá muito orgulho, embora estejamos também vivendo um momento difícil, é o momento de buscar a qualificação de profissionais e colocar os nossos jovens em condições de estarem aptos a assumirem novas tarefas no mercado de trabalho. É um desafio grande do governo de Jerônimo. Toda a equipe de governo está voltada para a questão da qualificação do pessoal, da mão de obra, que já acendeu o sinal de alerta para todos nós. Mas o governador Jerônimo está muito atento a isso buscando as parcerias com o Senai Cimatec, Sistema FIEB, Sistema S e os próprios colégios de tempo integral também estão sendo estruturados para atender essas demandas no interior.
BA – Eu lembro há 30, 35 anos quando trabalhava nos jornais Correio da Bahia e A Tarde, os empresários sempre diziam que a qualidade da mão de obra na Bahia, no Polo, era muito boa.
AA – Isso é uma realidade. Recentemente nós tivemos uma audiência em que o governador recebeu os executivos da Saint-Gobain, cujo histórico a identifica como a primeira indústria do mundo. O Palácio de Versalhes, na França, concebido por Luís XVI, foi construído por essa empresa. Então é uma indústria que tem 365 anos, é a indústria mais longeva do mundo que está aqui na Bahia, está aqui com duas operações, uma em Camaçari e outra em Feira de Santana e o governador anunciou que vai dobrar a sua operação em Feira. Ela tem plantas no Brasil inteiro, tem diversas plantas da produção de gesso acartonado, do drywall, que é um produto cujo consumo vem crescendo muito. É a indústria da sustentabilidade, da construção civil atendendo e eles disseram que a mão de obra e a eficiência da operação de Feira de Santana foi fundamental para eles tomarem a decisão de fazer esse novo investimento, que vai ser da ordem de aproximadamente mais de 700 milhões de reais aqui na Bahia.
BA – Maravilha. O senhor disse também na sua posse que um dos propósitos era tornar a Bahia um estado verde. O que já foi feito nesse sentido?
AA – Estamos chegando lá, não é? Diria que houve um atraso, mas os Marcos Regulatórios no Congresso Nacional quase todos eles já estão encaminhados. As votações aconteceram, as aprovações de novas legislações foram aplicadas pelo Congresso Nacional que deu a sua contribuição tanto na Câmara quanto no Senado Federal. Aqui, no âmbito Legislativo, o governador acabou de sancionar agora o Protener (Programa de Transição Energética do Estado da Bahia), um programa importante que vem colocar a Bahia à frente dos outros estados brasileiros na política de sustentabilidade, de transição energética, construindo os marcos e as regras para a produção de energia limpa, biomassa. A novidade é nós estarmos aí já enquadrados com a política nacional do selo do biocombustível. É outra política também afirmativa que já foi aprovada e sancionada pelo presidente Lula em julho do ano passado e já estamos aplicando aqui na Bahia, numa articulação da SDE com a Sefaz.
BA – E como é que está esse projeto, que é realmente muito importante. O senhor sempre fala da questão do biodiesel dentro desse projeto todo do Estado Verde?
AA – A maior biorrefinaria de etanol da América Latina, a Inpasa, lança sua pedra fundamental e já está em fase de construção. E ela vem com um investimento de mais de 1 bilhão e meio de reais. Temos também o projeto Farol que é o consórcio de diversos produtores do agronegócio da cadeia do milho, da soja e do sorgo, que vão também produzir etanol a partir desses insumos. Isso vai dar à Bahia a autonomia do etanol. Hoje nós importamos 80% do etanol utilizado na Bahia, ou seja, só produzimos 20%. Passaremos a ter autossuficiência e até a exportação desse produto que vai nos dar a possibilidade de gerar ICMS, gerar riqueza e também gerar mais distribuição de renda.
BA – É uma das atribuições também da SDE gerir o programa de incentivo de atração de investimentos. Fale um pouquinho desse programa.
AA – Nós conseguimos sucesso na atração da BYD, que já é uma realidade agora. Tem aí uns problemas, mas estão sendo estruturados. Estamos já avançando, tivemos uma reunião muito proveitosa com a direção da empresa e estamos muito otimistas com a nova repaginada que está sendo dada. Então teremos na Bahia já ainda nesse ano de 2025 a líder global na produção de carro elétrico, entregando carro já produzido na Bahia. Nesse programa de incentivo nós temos o Programa Desenvolve, o Proind e o Probahia. Então são três linhas de benefícios fiscais de investimento. O estado ainda vai ter até 2032 para estar oferecendo aos investidores, mas quero dizer que nós estamos nesse momento concluindo um termo de referência para a contratação de um estudo por uma Fundação, a Fundação Dom Cabral, está mais adiantado na tratativa para que seja aplicado aqui um estudo dos impactos da reforma tributária para o ambiente econômico do Estado da Bahia. Então esperamos que esse ano de 2025, lá para o segundo semestre, o estado possa receber e socializar com o setor produtivo quais são esses impactos e quais as medidas que nós deveremos ir mitigando para avançarmos no desenvolvimento econômico da geração de emprego e renda que é o que importa para todos nós.
BA – E com relação a retomada do Projeto Enseada do Paraguaçu?
AA – Assinamos aqui no início do segundo semestre de 2024 o protocolo com a empresa que está reassumindo e reativando o Estaleiro Enseada do Paraguaçu para construção de 80 balsas para fornecimento ao grupo JBS, que vai utilizar essas balsas no transporte de minério no Estado do Mato Grosso do Sul. E essa produção garante aqui investimento de aproximadamente 1 bilhão de reais, geração de 500 empregos diretos. Estamos aguardando nos próximos meses aí o anúncio também de plataformas a serem operadas pela Petrobras aqui na Bahia, no Recôncavo Baiano, para retomar essas operações que são muito importantes para nós. Eu tive a oportunidade de participar em Santo Antônio de Jesus e em Maragojipe de audiências públicas e veio o testemunho de jovens que trabalhavam, tinham sua renda, viviam com dignidade e de uma hora para outra perderam o emprego. Que absurdo foi aquela Lava-Jato que destroçou as empresas baianas, atingindo o trabalhador, atingindo o nível de desenvolvimento do estado da Bahia. Os sócios de duas gigantes da construção, que estavam fazendo algo errado, deveriam ser punidos, mas foi punida a sociedade, todos nós pagamos por isso. Milhares de engenheiros e trabalhadores desempregados e esse foi um momento difícil para nós. Mas acreditamos muito nessa recuperação, na proatividade do nosso governo, no trabalho incessante do governador Jerônimo na atenção que tem com tudo nos mínimos detalhes. Estamos muito animados porque estamos superando bem esses desafios.
BA – Essa questão da Lava-Jato com o desenrolar teve exemplos de outros países, Volkswagen na Europa, HB Estados Unidos e tal, punia os diretores executivos, mas preservava-se a empresa.
AA – Não podemos descartar o impacto que teve para a economia não só nacional, mas sobretudo o reflexo na Bahia. Nós participamos agora, representando o governo do Estado e também o Sebrae, porque nós somos membros do Conselho de Administração do Sebrae, em Nova Iorque, participando da NRF, ou seja, o maior evento de varejo do mundo, que há 115 anos acontece todo mês de janeiro e em 2015, já completando cinco anos da pandemia, se discute as sequelas, a mudança de comportamento do consumidor americano a partir do que aconteceu com a pandemia. Aqui nós estamos ainda sentindo os reflexos do que foi a Lava-Jato, do desmonte que ela trouxe para a economia, mas estamos recuperando com muito trabalho, com muita garra, e creio que a Bahia está vivendo momentos importantes, janelas de oportunidades que estão abertas, a questão da energia renovável, somos líderes na produção de energia renovável a partir da fonte eólica, somos vice-campeões nacionais da produção de energia solar, da energia fotovoltaica, estamos com projetos da Linha Verde estruturados e já buscando investidores que a qualquer momento a gente já possa adiantar que vai deslanchar. Não podemos ainda apontar nomes mas existe uma expectativa, uma esperança muito grande que esse ano de 2025 seja o ano de afirmação desses estudos de investimento que vêm sendo feitos na Bahia.
BA – O senhor falou também da questão da construção civil, tanto a pesada como a imobiliária e citou o desenvolvimento da Linha Verde, vários projetos. Como é que a Secretaria está gerindo esses projetos?
AA – Acompanhando o governador de perto, sendo colaborativo e o estado sempre proativo. O Grupo Prima, por exemplo, quer fazer um investimento gigante lá de aproximadamente 5 bilhões de reais, mas é um novo player que está chegando e precisa de um aeroporto mais próximo, na região do Baixio do Conde. O governador já desapropriou 500 mil metros quadrados de área para a construção do aeroporto que vai atender esses voos internacionais, o que vai estimular e fortalecer ainda mais o turismo. Temos a certeza de que a indústria do Turismo é outra também que vem engajada e está apontando aí para um norte muito promissor para os próximos anos. O nosso companheiro e amigo, o secretário Maurício Bacelar tem feito um trabalho extraordinário na atração de novos voos, sendo agora recentemente lançado o voo Salvador-Paris pela Air France e é um sucesso, total ocupação tanto a ida como a volta, sendo bem operado. Agora novos voos para o Chile, para a Argentina, também novos voos chegando, então estamos retomando com força no pós-pandemia o Turismo da Bahia.
BA – O senhor poderia dizer o montante dos investimentos e atração dos investimentos em nível global neste governo e a projeção para os próximos três, quatro anos?
AA – Estamos com projetos aqui em fase de implantação e ampliação na Região Metropolitana da ordem de 20 bilhões de reais. Já no interior do Estado 183 bilhões de reais. Em cada um você tem aproximadamente 20.500 empregos sendo gerados no interior e também na Região Metropolitana. Então esses são números bastante robustos comparados com 2024, 2023, o que nos anima bastante e nos dá a expectativa de que a Bahia tem sido um estado forte na atração de investimentos e de investidores na área privada, sem contar a mesma pegada que o estado vem mantendo no setor público, onde a Bahia já por cinco ou seis anos consecutivos vem sendo o estado que mais investe em infraestrutura, perdendo apenas para São Paulo. Então tudo isso são fatores que convergem pra gente estar animado com o nosso desenvolvimento.
BA – Quais os impactos de projetos estruturantes como a FIOL, a BYD e a ponte Salvador-Itaparica? Porque na indústria você já tem aqui uma coisa já consolidada, os outros dois estão surgindo. Dentro do contexto da economia da Bahia, qual é o impacto que vai ter, secretário, no desenvolvimento do Estado?
AA – Todos eles são importantes. Eu não saberia dizer qual deles está na frente, quem está em primeiro, quem está em segundo e terceiro. A vinda da BYD, a maior líder global na produção de carros elétricos, que tem uma decisão estratégica da empresa na China de se posicionar em outro país e na América Latina. Não é à toa que escolheram a Bahia. O chinês não abre muito o jogo, mas nós sabemos que essa foi uma decisão estratégica. A Bahia, como diria, seria uma cabeça de ponte para os investimentos dessa grande companhia para atender a mercados locais, a América Latina, Caribe e também a África e até a Europa. Então, como disse a CEO da BYD para as Américas, Stella Li, a Bahia deverá ser o Vale do Silício dado o impacto de novas tecnologias, de inovação, de ciência que está sendo aplicado a partir desse investimento. Já a ponte, acho que esse ano, com certeza, terá iniciada a construção, aguardando no mês de fevereiro o TCE validar a decisão do Conselho da PPP do Governo do Estado. Três balsas já estão fazendo sondagem, já chegou a 80% da sondagem e assim que concluir essa etapa já há uma expectativa de assinatura de contrato para iniciar as obras. Então são duas empresas chinesas responsáveis por sete das 10 maiores pontes construídas no mundo e nós já estamos aqui agora aguardando se eles vão realmente cumprir 5 anos de contrato para entregar a ponte ou se eles vão cortar isso para 3 anos e um pouco dado a expertise que eles têm. Repare que quanto mais eles encurtem mais eles recebem, eles têm um retorno de investimento no capital dele e o chinês sabe fazer conta e sabe fazer ponte. Então nós estamos aqui aguardando também que possamos ter essa surpresa para o Estado da Bahia porque essa ponte traz um novo vetor de desenvolvimento econômico sustentável para o estado da Bahia. Salvador é a península esgotada de propriedade. Algumas propriedades que ainda existem são frutos de resquício, inclusive de algumas disputas familiares, que o terreno ainda existe, mas praticamente esgotou o estoque de área e não tem outra saída. A saída tem que ser por ali, onde vai ser a ponte. Eu diria que será um golaço deste governo porque embora existam alguns pessimistas, aves de mau agouro, eu tenho a convicção de que essa é uma obra disruptiva para o desenvolvimento econômico do Estado da Bahia e social também.
BA – Voltando um pouquinho para a FIOL, ela que traz também no seu bojo uma série de outros desenvolvimentos como a mineração, Porto em Ilhéus, etc. Isso também significa um impacto muito grande na economia, não é, secretário?
AA – O nosso agronegócio do algodão, soja, milho que bate recorde. O cacau também que está chegando lá, já chegou aliás, é uma realidade. Tudo que estamos falando está batendo recordes mundiais na produção por hectare. Ele é muito pujante e o escoamento dessa produção pela via ferroviária, o escoamento da nossa produção mineral e a quantidade de pesquisas que estão sendo desenvolvidas a partir do anúncio da FIOL, já 400 km do trecho de Ilhéus até Caetité está pronto. Posições, eu diria, que serão tomadas, noticiadas e reafirmadas no ano de 2025 seguramente vão dar ao estado da Bahia um novo patamar de desenvolvimento a partir do interior do Estado da nossa fronteira agrícola do Oeste, que é ali no Matopiba, que vai integrar definitivamente o oeste da Bahia. A Bahia que tem Baía de Todos os Santos mais de 12 postos de estrutura e com muita projeção também de investimento nesse setor. Então temos que preparar o nosso pessoal, nossa juventude, cuidar dela, botar a turma para estudar, porque vão precisar de muita qualificação para atender essa demanda extraordinária que nós teremos nos próximos anos com fé em Deus.
BA – Durante a pandemia e a guerra da Ucrânia nós vimos muito a questão dos fertilizantes. E a Bahia está retomando, através da Secretaria, esse projeto de voltar a reimplantar a indústria de fertilizante no estado. Fale um pouquinho disso secretário.
AA – Exato. Nós temos parceiros como a Galvani, que é uma indústria que recentemente completou 90 anos e nós estivemos lá representando o governador anunciando a exploração da produção de fertilizante a partir de uma nova mina em Irecê, com geração de investimento de mais de 300 milhões de reais, com a possibilidade de ampliar a nossa produção de fertilizantes. Acreditamos que esse ano ainda deveremos ter a Petrobras se manifestando sobre a retomada da planta aqui. Tem um trabalho muito bem feito hoje, queria ressaltar a participação da Fupe através do nosso companheiro presidente David Bacelar, que tem lutado bastante também para que a gente possa retomar e reativar a produção de fertilizante a partir de Camaçari na planta da Fafen.
SR – Eu queria voltar um pouquinho aí na questão das fontes renováveis de energia, que o senhor já falou. Porque a sustentabilidade é uma coisa hoje premente no mundo inteiro. E com isso a Bahia está saindo na frente através das eólicas, da energia solar e uma série de outras iniciativas como biocombustível. Gostaria que o senhor voltasse a falar um pouco mais desse particular.
AA – A Bahia já produz energia suficiente para rodar o Brasil. Esse excesso de energia, esse excedente, essa potência que nós temos na produção de energia é direcionada para o Sul e para o Sudeste onde estão as maiores demandas nacionais. Mas os projetos que existem finalizam e existem estratégias sendo trabalhadas para o novo momento que o mundo viverá a partir da Inteligência Artificial, da necessidade dos data centers que vão chegar em breve e são demandas muito fortes de energia com estabilidade, com segurança e barata. O hidrogênio verde é apontado pelo mundo inteiro já como o combustível do futuro. Ou seja, a Bahia está se estruturando e os Emirados Árabes e a Arábia já estão discutindo até que a Bahia vai ser o novo emirado árabe da fotossíntese, ou será a Arábia. Ou seja, eu já vi essa discussão sendo feita, mas o fato é que nós estamos nos estruturando para ser esse estado que deve ser o maior Hub da produção de energia renovável. E aí a tecnologia vai ter que chegar para nos dar essa condição, por isso é necessário muito trabalho de pesquisa, muita inovação para que a gente possa ter essa sustentabilidade que garanta também que o investidor colocará o seu dinheiro no projeto correto. Então, o hidrogênio verde mais barato do mundo por quilo deverá ser produzido na Bahia por todos os atributos, por todo o desenho que existe aqui, que a natureza nos deu. A energia eólica, a partir dos ventos, os ventos noturnos que só existem na Bahia, dão segurança ao sistema, a aderência a isso, a questão da energia solar, a irradiação solar da Bahia que também é diferenciada. E consorciado com isso o fato das nossas linhas de transmissões, tanto as que já existiam ao longo dos anos como as novas a partir do governo do presidente Lula, ela vem do interior em direção à capital, Região Metropolitana, para atender o Polo Petroquímico de Camaçari, a Região Metropolitana, que é que mais demanda energia e depois essa energia vai, desce. Então, tudo isso coloca aqui a Região Metropolitana em condições de receber esses investimentos justamente na geração da produção do hidrogênio verde, do combustível do futuro. Temos aí um projeto anunciado também pelo Grupo Acelen de 12 bilhões de reais, que é um projeto também revolucionário da produção de energia renovável a partir da fotossíntese da Macaúba, do dendê, enfim, e todos esses são projetos desenvolvidos com apoio e cooperação do estado com participação de universidades, de muita ciência. E tudo isso vai gerando uma nova dinâmica para o estado.
BA – A nossa revista representa dois segmentos fortes, o atacado e o varejo, e o governador Jerônimo é muito sensível às demandas, inclusive já esteve três vezes lá na Asdab participando tanto da última posse agora do novo presidente, mas principalmente da assinatura de um acordo que faz com que as empresas baianas possam vender para a Bahia. Na sua opinião, qual é o peso do varejo e do atacado no desenvolvimento do Estado, secretário?
AA – Eu pude participar da celebração e ver o nível de satisfação do investidor, daquele que lá na frente conduz a sua empresa com essas condições que o governador fez a partir de mudança na regra fiscal, de dar mais estabilidade e segurança para eles. E também, porque não dizer, mais competitividade para o investidor baiano. Sentimos a felicidade deles, a gratidão ao governador e acredito que isso é o bom ecossistema de construção de parcerias para que possamos avançar em todo o setor produtivo de forma horizontal no Estado da Bahia e estamos conseguindo vencer, graças a Deus.
BA – Quando o senhor estava na Assembleia Legislativa como deputado uma das suas iniciativas foi criar uma frente parlamentar em defesa das políticas públicas para a juventude do Estado da Bahia. Como é que estão essas políticas públicas para essa juventude que precisa realmente de apoio?
AA – Olha, o governador implementou e temos aí o companheiro Nivaldo Millet, que é o superintendente da Juventude na Bahia, que tem feito um trabalho extraordinário. E entre os diversos programas de inclusão e de fortalecimento da nossa juventude dentro do espaço do ensino médio está o programa Pé de Meia, que garante uma renda para o estudante. O programa faz com que o nosso jovem tenha vontade de ir para a sala de aula. A gente tem visto os olhos da nossa juventude brilhando com as novas escolas de tempo integral. Eu faço um apelo àquele pai, àquela mãe, aqueles que ainda não conhecem essas escolas para que possam conhecer porque é a autoestima dos nossos professores, a autoestima dos nossos estudantes, dos nossos jovens que vêm sendo elevadas. Isso vem aprimorando e fortalecendo a educação do nosso Estado, pois sem educação não há futuro e o que o governo de Jerônimo Rodrigues tem feito já são mais de 4 bilhões e meio de reais investidos em novas escolas de tempo integral, seja na reforma, seja na construção de novas escolas, sem contar a infraestrutura que chega ao redor dessas escolas para a melhoria do ambiente também nos diversos municípios. Então um projeto como esse integra essas políticas de fortalecimento da sociedade baiana e por isso daí a nossa satisfação de estar fazendo parte desse governo.
BA – Eu digo sempre, quando converso com o governador, que acompanhei várias iniciativas da Secretaria lá na Superbahia, nas feiras desenvolvidas pela Abase e a secretaria estava lá presente trazendo agricultura familiar. E aí não sabia que ele tinha essa coisa do conhecimento geral do Estado. Costumo dizer que ele é o Real Herói do Sertão, porque ele estava lá com agricultura familiar que já conhecia. Então foi uma surpresa, na capital talvez não, mas lá no interior onde o estado se fez presente para trazer alimentação, para desenvolver uma agricultura familiar que é uma coisa superimportante. Então isso também está dentro dos planos dele de fortalecer esse setor, não é secretário?
AA – Desde quando era deputado eu sempre cunhei um raciocínio lógico de que a Bahia, com cerca de 600 mil propriedades vinculadas à agricultura familiar, é imbatível em nível nacional, com essa exuberância, de distribuição de terras, de minifúndios. E aí está a nossa cultura familiar. O agronegócio cresceu de forma verticalizada, muito forte, a partir da implantação de migrantes que vieram do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, enfim, do Sul, que aplicaram essa tecnologia com mais cultura que eles tinham do trabalho com a terra e aplicando tecnologia. Eu sou daqueles que entendem que esses investimentos que vêm sendo feitos desde o governo Wagner com a criação da Superintendência de Desenvolvimento Rural, depois no governo de Rui Costa, com a Secretaria de Desenvolvimento Rural. Agora, Jerônimo, que foi secretário e hoje como governador vive esse momento em que a ciência e a tecnologia estão começando a chegar com mais visibilidade porque eu tenho certeza que no dia em que nós chegarmos e aplicarmos na agricultura familiar a ciência, a tecnologia que o agronegócio já aplicou, a Bahia será um estado de desenvolvimento pleno com geração de renda e emprego. E é isso que a gente cobiça, é isso que a gente persegue.
BA –Uma das considerações que eu gostaria de fazer dentro do que o senhor falou desde o governo Wagner para cá foi a eletrificação do campo, não é?
AA – Nunca esqueço o prazer sentido por uma secretária nossa ao levar uma televisão para sua mãe, porque lá no interior dela já tinha energia elétrica. Então isso foi fundamental para que se desenvolvesse o campo e integrasse as pessoas. Chegou o Luz Para Todos e parecia que era uma coisa irrelevante, mas foi tão importante e agora nós estamos vendo energia aí chegando na Bahia inteira. E um nó crítico que nós temos ali na região oeste está sendo suprido esse ano com a chegada desse investimento da linha de transmissão de 1.100 km, 6.000 pessoas trabalhando, passando por 20 municípios. Três novas subestações, com reforço de mais duas, ou seja, a gente tem aí os gargalos sendo tratados com trabalho, com dedicação, com a parceria do governo federal, com os nossos deputados e senadores, ministros importantes e com cadeiras importantes em Brasília. E isso tudo é um momento que a gente precisa não celebrar, mas nós precisamos estar ainda mais preparados para estimular e alavancar esse momento para todos nós.
BA – Eu gostaria, secretário, de agradecer imensamente pela humildade, pela simpatia e tranquilidade de responder às nossas perguntas. O senhor pode fazer suas considerações finais, colocando até pontos que não foram abordados na entrevista.
AA – Eu queria agradecer, parabenizar você pelo programa na TV Band, de ter um profissional com tanta experiência com um programa que vai trazer informações, seguramente que vai também contribuir com o nosso desenvolvimento, com nível de empregabilidade, com distribuição de renda para nosso Estado. O que eu tenho a dizer, concluindo aqui, é que a gente trabalha convencido de que é a política que transforma e muda a vida das pessoas e nós estamos no lugar, na cadeira que sentamos, com essa tarefa de contribuir com o governo. Estar aqui para contribuir, acelerar, superando as adversidades com humildade, com a cara e com o jeito que nós temos, o exemplo do governador Jerônimo, mas sem perder em momento nenhum a coragem e a vontade de enfrentar os desafios para vencer.