Jessé Amorim, representante comercial, um homem justo, sábio e que ajudava a todos
Jessé Machado de Amorim foi um empresário brasileiro, nascido em Alagoas, na cidade Porto de Pedras, no dia 11 de julho de 1931, mas se radicou na Bahia desde a década de 1970, terra pela qual se apaixonou e formou muitos amigos, entre eles o empresário e comendador Mamede Paes Mendonça. Na adolescência pretendia ser advogado, mas se encantou pelas vendas. Como representante comercial, foi por mais de 60 anos representante da Cooperativa Itambé. Apesar da representação comercial ser a sua principal atividade, enveredou também em empresas de serviços automotivos, Valfran, e hotelaria, Hotel Verdemar, ambas na Pituba. Foi casado com Maria Luiza Pinto de Amorim, que lhe deu quatro filhos. Viúvo, teve união estável com Enaura Leal Vieira, a partir de 2001, com quem conviveu até a sua morte, no dia 20 de dezembro de 2024.
Homem educado, generoso e de saberes, apaixonado pela Bahia, pautou a sua vida por princípios éticos e morais
Conheci o querido Jessé Amorim no gabinete de Seo Mamede. Eram grandes amigos e estavam sempre juntos. Dois episódios com Jessé estão marcados nas minhas lembranças. Em um dos momentos, estava ele na sala de Enaura Leal Vieira, secretária de Seo Mamede, disse: “Já falei pra Mamede comprar um sapato bom, a gente tem que ir numa loja boa, na Londres Magazine. Tem que comprar coisa boa”, era mais ou menos isso que ele queria dizer, o que comprovava o carinho e amizade que os dois nutriam um pelo outro.
O outro momento, de triste lembrança, em setembro de 1995, onde participava da Feira da Abras, foi quando o encontrei na entrada do hospital, onde Seo Mamede estava internado, lá no Rio de Janeiro. Alertado por Borges sobre a situação de Seo Mamede, corri lá para lhe fazer uma visita e na portaria encontrei com Jessé, que me disse: “Benevaldo, Mamede foi transferido para São Paulo”.
Jessé é um símbolo para os representantes comerciais da Bahia, desde que veio para cá trazendo embaixo do braço a representação do Leite Itambé, contou de pronto com o apoio de Seo Mamede, de quem veio a se tornar grande amigo. Foram 60 anos como representante da Cooperativa Itambé, de Minas Gerais. A missão de continuidade ele confiou ao seu querido sobrinho Joaquim Júnior, que desde muito tempo faz um excelente trabalho.
Em entrevista à Super Revista, edição Maio/Junho de 1996, ele contou ao jornalista Jary Cardoso, a sua trajetória de vida e profissional. Jessé nasceu em Porto de Pedras, em Alagoas, no dia 11 de julho de 1931, onde cursou até o 2º grau, em Maceió. O sonho, na adolescência, era ser advogado, porém, o contato com o mundo das vendas lhe reservou outros caminhos. Começou sua vida profissional como vendedor da Gessy Lever (então S/A Irmãos Lever), no Recife, em Pernambuco. Foi promovido a supervisor e transferido para Belo Horizonte, em Minas Gerais. Dois anos após chegar a BH, passou a ser distribuidor da Itambé, em Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Deixou a Gessy Lever e trabalhou ainda com os perfumes Myrurgia, o que o trouxe para a Bahia. Se apaixonou por esta terra e então resolveu fixar aqui a sua base. Jessé foi casado em primeiras núpcias com Maria Luiza Pinto de Amorim, relação que lhe deu os seus filhos: o engenheiro Carlos Valério, o economista Carlos Francis, a advogada Isa Cristina e o engenheiro Carlos Eduardo.
Sua vida empresarial não se restringiu somente à representação comercial, com a empresa Jessé M. de Amorim & Cia. Ltda. Entre outras empresas, fundou a Valfran Automotiva Ltda., e o Hotel Verdemar Ltda. Aliás, como me relatou Enaura Leal Vieira, a sua companheira a partir de 2001, com quem conviveu até a sua morte, após ficar viúvo de Maria Luiza, disse que ele era apaixonado pelo Hotel Verdemar, onde trabalhava diuturnamente, desde que se afastou do dia a dia da Jessé Representações.
Jessé Machado de Amorim partiu no dia 20 de dezembro de 2023, deixando um legado de boas práticas empresariais, comerciais e de homem generoso, que se preocupava com o seu semelhante, especialmente, aqueles que com ele convivia, como os seus colaboradores nas suas empresas. Pois é, querido amigo Jessé, siga em paz, você viveu aqui o bom combate e cultivou excelentes amizades, como a do Seo Mamede Paes Mendonça, que, com certeza, estará no céu lhe recebendo para relembrar velhas e boas histórias. Que Deus ilumine o seu caminho.
DEPOIMENTOS
JOAQUIM JÚNIOR – SOBRINHO E SÓCIO
Jessé Machado de Amorim….meu tio, meu segundo pai
Poderia aqui discorrer e escrever muitas palavras e sentimentos acerca do Tio Jessé. Homem de origem humilde mas que venceu em suas múltiplas capacidades e habilidades.
Mas prefiro registrar alguns aprendizados que já resumem o que foi nossa convivência.
Posicionamento
Aprendi com Jessé, que sempre, sempre é necessário se posicionar. Seja qual for a opinião, o caminho, mas sempre e com segurança, estar posicionado. Como diz a Bíblia, nossa palavra precisa ser sim sim ou não não.
Correção como cidadão
Mesmo sem às vezes concordar com sua aplicação, sempre pagar os impostos. Ter esclarecimento político, baseado em leitura e história e ser sensível ao sofrimento do próximo. Ser correto ao extremo, principalmente com seus funcionários.
Relacionamento comercial
Jessé foi um mestre nesta arte…um visionário, mas principalmente um homem relacional. Ele dizia: “ Porém, criar variadas tecnologias comerciais, mas o relacionamento, a confiança, isto jamais será substituído.
Ter paciência
Dizia Jessé: “Tudo na vida e no comércio são ciclos. Assim como no mar, ora com ondas altas, ora com calmaria”. Tenha paciência!!
Agradeço à Super Revista este espaço de honra para Jessé Amorim… sim de honra…pois Benneh com esta atitude não apenas reconhece ou é grato, mas coloca Jessé Amorim em posição de honra, ele que tanto dignificou a atividade de Representante.
ISA CRISTINA AMORIM DE ABREU – FILHA
Jessé Amorim, desde o seu nascimento já foi abençoado. Seu nome JESSÉ, significa “Deus existe”, derivação de Yishay, que quer dizer “dom de Deus, presente de Deus”. Assim, nasceu em uma família humilde, em Porto de Pedras, Alagoas. Muito cedo, menino esperto, já começou a trabalhar e se destacar. Seu Braga, seu primeiro patrão numa “budega” de interior, e sendo este um português exigente, uma vez lhe disse: “Jessé, você é muito grande para o meu pequeno negócio”. Assim, ganhou o mundo e foi crescendo. Sempre trabalhando muito, íntegro e honesto e sem jamais esquecer sua origem, ajudava a quem precisasse. Tenho muito orgulho desse pai, tio, avô, irmão, patrão, amigo ou qualquer nome que queiram usar para designar a pessoa especial que ele foi. Como filha, só tenho que agradecer a Deus a bênção de ter tido um exemplo de pai, um companheiro de trabalho e uma mão firme sempre a me amparar. Saudade, pai!
ENAURA LEAL VIEIRA – COMPANHEIRA
Conheci o Jessé desde quando ele ia almoçar com Sr. Mamede, lá na matriz de Paes Mendonça, onde eu exercia a função de secretária de Sr. Mamede. Sempre muito gentil, educado e simples, o que nos proporcionou desenvolver uma amizade sincera.
Muitos anos se passaram e quis o destino que tivéssemos algo além da amizade, se transformando em uma coisa mais séria quando ele ficou viúvo. Em 2001, firmamos um contrato de união estável registrado em cartório, como sua companheira.
Neste momento de perda não está sendo fácil. Porém, fico com tudo de bom e os momentos felizes que vivemos juntos. Ele era um homem de saberes, justo e que ajudava a todos que o procurava.
DEPOIMENTOS DOS AMIGOS
JOSÉ AUGUSTO ANDRADE MENDONÇA
“O que posso falar de Jessé Amorim é que ele era um homem inteligente e uma boa pessoa. Um dos amigos do Seo Mamede Paes Mendonça que vinha muito aqui no escritório. Seo Mamede gostava muito dele. Representante da Itambé, que teve o reconhecimento de Seo Mamede e que vendia muito para o Paes Mendonça. Eles viajavam juntos e o Jessé era um dos principais amigos de Seo Mamede. Meu escritório ficava ao lado da sala de Seo Mamede e quando o Jessé vinha aqui sempre me chamava para almoçar um arroz de polvo. Nos últimos dias estive com ele e o que posso dizer é que Jessé era um excelente profissional e um homem de valor”.
ALDA ANDRADE MENDONÇA
Jessé foi um grande amigo da nossa família e muito amigo do meu tio Mamede, com quem ele desenvolveu a amizade desde que aqui chegou como representante do Leite Itambé. Por isso, nós da família, admirávamos muito sua atenção ao meu tio Mamede. Essa amizade entre os dois, de serem grandes parceiros comercialmente, se tornaram compadres. Nós admirávamos também Jessé Amorim por ser um homem íntegro, trabalhador honesto, do bem e muito simples, de quem teremos saudades e boas recordações.
JESSÉ AMORIM E MAMEDE PAES MENDONÇA
A amizade de Jessé Amorim e Mamede Paes Mendonça começou ainda na década de 1960, quando ele começou a viajar para a Bahia, vendendo perfumes Myrurgia e, posteriormente, o Leite Itambé. Jessé conta que quando vinha de Belo Horizonte deixava o carro na garagem da casa de Seo Mamede, na Rua 8 de Dezembro, Graça, e se hospedava no Hotel da Bahia, o mais luxuoso de Salvador. Recorda que Seo Mamede se preocupava com ele e perguntava: “Quem é que paga o seu hotel?”, pois sabia que no início Jessé só estava divulgando produtos e não vendia quase nada.
Outra preocupação de Seo Mamede com o amigo, foi quando ele resolveu se estabelecer definitivamente em Salvador e construiu uma casa na Pituba, mas como os compromissos de negócios ainda eram intensos no Rio e Belo Horizonte, a casa ficava fechada. “Era Mamede mais uma vez preocupado comigo, pois não queria que eu empatasse capital à toa. São essas histórias, contadas pelo próprio Jessé, que dá a dimensão da sua amizade com Seo Mamede Paes Mendonça.
DEPOIMENTOS DOS COLABORADORES
MAXWELL LOPES
Jessé foi para todos nós que trabalhamos com ele um exemplo de homem trabalhador, dedicado, que com sua sabedoria contagiava a todos que estavam ao seu redor. Ele foi um empreendedor nato, um homem de grande visão. Trouxe para a Bahia a Itambé e a transformou na marca que ela é hoje. Sinto-me muito honrado em ter sido contratado por ele. Muitas saudades…
MARTA BURITI
Jessé Amorim foi um homem de grande importância para o mercado baiano. Amigo de Seo Mamede, foi através dele que surgiu a minha amizade com a família Mamede. É um grande amigo que eu perco, estou com o meu coração dilacerado. Mas ele deixou um legado importante, empregou muita gente. Eu trabalhei por mais de 25 anos com esse homem. Estou triste e ao mesmo tempo pedindo a Deus que o receba lá de braços abertos.
Falar de Seo Mamede não é difícil. É uma pessoa que eu guardo uma lembrança maravilhosa. O contato que eu tinha com ele, lá na Conde dos Arcos, em seu escritório, era maravilhoso. E tenho muitas saudades de quando ele se referia àquele quadro que tinha a casa dele, onde ele nasceu. Isso é uma recordação para mim que trago em meu coração e na minha mente. Foi uma pessoa única no mercado da Bahia. Um homem que trouxe tanta coisa boa, modernizou o mercado de Salvador, abriu portas para que todos viessem pontilhar aqui a riqueza de Salvador.
Quanto a seu Jessé, é difícil, está muito recente a partida dele. Mas eu me lembro dele com muita alegria. Ele deixou um legado milionário, de coisas boas. Ele pontuou, ajudou, fez, se revelou, é uma pessoa respeitosa e deixou muitas saudades mesmo. Pude registrar alguns encontros com ele, até no meu último Natal com ele, antes da pandemia. Mas seu Jessé para mim é uma pessoa mais do que especial. Foi um pai, um aprendizado. Amo muito o seu Jessé, uma pessoa para mim inesquecível. Levo ele no meu coração pelo resto de minha vida. E agradeço a vocês da Super Revista, por esses dois homens, esses dois guerreiros do mercado baiano, que merecem ser muito homenageados.